quarta-feira, 5 de setembro de 2012

2o. trabalho do 3o.bimestre de 2012

POESIA NO ARCADISMO

O Texto Gerador 1 integra a obra Marília de Dirceu, de Tomaz Antonio Gonzaga, uma das composições mais conhecidas do período. Neste texto, o poeta discorre sobre uma aventura da pastora Marília, que se aproveita de um descuido do Cupido, para furtivamente lhe roubar a aljava e o arco. Para retratar a cena, Gonzaga usa a convenção árcade e elabora um universo pastoril, povoado por deuses e seres míticos.

 

Marília de Dirceu

 

Lira XXVIII

 

Cupido, tirando

Dos ombros a aljava,

Num campo de flores

Contente brincava.

 

E o corpo tenrinho

Depois, enfadado,

Incauto reclina

Na relva do prado.

 

Marília formosa,

Que ao Deus conhecia,

Oculta espreitava

Quanto ele fazia.

 

Mal julga que dorme

Se chega contente,

As armas lhe furta,

E o Deus a não sente.


Os Faunos, mal viram
As armas roubadas,
Saíram das grutas
Soltando risadas.

Acorda Cupido,
E a causa sabendo,
A quantos o insultam
Responde, dizendo:

"Temíeis as setas
"Nas minhas mãos cruas!
"Vereis o que podem
"Agora nas suas."

 

(Tomás Antônio Gonzaga)

 

Vocabulário:

Aljava – Recipiente de se colocar flechas.

Enfadado – Fatigado.

Incauto – Que age sem cautela, que é ingênuo, sem malícia.

Tenro – Jovem.

Fauno – Divindade rural romana, com corpo humano peludo e pés e chifres de cabra, protetor dos rebanhos.

 

ATIVIDADE DE LEITURA

QUESTÃO 1

Analisando formalmente textos estruturados em versos, como a obra “Marília de Dirceu”, de Tomás Antônio Gonzaga, podemos, em primeiro lugar, observar o número de sílabas poéticas de cada verso. Essa contagem, denominada escansão, é a feita até a sílaba tônica da última palavra – como podemos observar a seguir:

 

1           2      3      4         5

“Cu / pi / do, / ti / ran / do”

 

a)      Observe que o verso em destaque tem cinco sílabas métricas, assim como todos os outros versos do poema. Identifique o nome que recebe um verso com esse número de sílabas.

 

b)      Outro importante aspecto formal dos poemas é a rima. Para sistematizá-la, atribuímos uma mesma letra do alfabeto para os sons idênticos ou semelhantes presentes no final dos versos. Com base nisso, apresente a disposição das rimas das estrofes da “Lira XXVIII”.

 

c)      Podemos considerar, ainda, estrofação, ou seja, o número de versos que cada estrofe possui. Assim, faça a contagem dos versos das estrofes que compõem a lira e classifique-as.

 

ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA

QUESTÃO 2               

Sabemos que os sufixos, formadores de aumentativo ou diminutivo, nem sempre são empregados para indicar dimensões. Muitas vezes, o grau de substantivos e adjetivos indica sentimento. Observe o diminutivo empregado no verso “E o corpo tenrinho” e responda:

 

a)        Destaque o radical e o sufixo presentes no vocábulo “tenrinho”.

 

b)        Explique de que modo esse emprego contribui para sugerir a linguagem típica de versos árcades.

 

 

Texto Complementar

Este Texto Complementar é uma homenagem de Mário Quintana ao poeta árcade Tomás Antônio Gonzaga. A análise da patente relação intertextual entre os dois poemas é uma excelente maneira de atualizar e aprofundar os conceitos relacionados ao Arcadismo. A partir deste texto, serão abor­dadas questões de Leitura e Uso da Língua.

 

Um Soneto Para Marília

 

À maneira de Dirceu

 

Eis que um dia na mata se banhava

Cupido... e estava nu, inteiramente,

Pois que deixara à margem da corrente

O arco terrível e a repleta aljava.

 

Marília que, às ocultas, o espreitava

Só aguarda ocasião... E, de repente

As armas furta sorrateiramente,

Enquanto o deus as costas lhe voltava.

 

Surgem então as fauces escarninhas

Dos silvanos e sátiros astutos.

Põem-se a vaiar o Amor, sem mais cautelas

 

Ah! Temíeis as frechas quando minhas!

(E o deus sorri) Vereis agora, ó brutos,

O que Marília há de fazer com elas!

 

(Mário Quintana)

 

 

Vocabulário:

Fauces - Anat. Porção da garganta localizada entre a boca e a faringe, próxima da base da língua; goela; garganta de animal [Mais us. no pl.]

Escarninhas - em que há escárnio (riso escarninho); escarnecedor; gozador; trocista.

Frecha - mesmo que “flecha”

Fauno, Silvanos, sátiros - seres mitológicos, habitantes dos bosques; divindades campestres

 

ATIVIDADES DE LEITURA

QUESTÃO 3

Mário Quintana, autor do Texto Complementar, embora tenha sido um poeta contemporâneo (1906-1994), criou o Soneto para Marília com forma e conteúdo tipicamente árcades. Vemos que o tema e o cenário do soneto são idênticos ao tema e ao cenário da “Lira XXVIII”.

 

a)      Que cenário é descrito nos poemas?

 

b)      Explique que tema da poesia árcade é apresentado nos dois poemas.

 

 

QUESTÃO 4

O poema de Mário Quintana, quanto à forma, é bem mais fiel à estética árcade do que a “Lira XXVIII”. Como já está indicado no título, o texto é um soneto, poema de estrutura fixa.

 

Analise a disposição do Texto Complementar 1 e responda:

 

a)      Quantas estrofes possui esse texto do gênero soneto?

 

b)      Quantos versos há em cada estrofe?

 

c)      Faça a escansão dos versos e indique o nome que recebe o verso formado por esse número de sílabas.

 

d)      Identifique a disposição das rimas.

 

e)      Faça, também, uma pesquisa e escreva o nome que recebem as rimas.

 

QUESTÃO 5

Percebemos, nitidamente, que o poeta Mário Quintana, para criar “Um soneto para Marília”, inspirou-se na composição poética do Arcadismo “Lira XXVIII”, de Tomás Antônio Gonzaga. Em relação ao conteúdo, como a temática e a presença de elementos da cultura greco-latina, o poema de Mário Quintana guarda identidade com a estética do Arcadismo. Vemos, entretanto, que em relação à forma, Mário Quintana, em vez de lira, preferiu o soneto.

Reflita e aponte hipóteses para a seguinte questão: Qual teria sido a razão de Mário Quintana ter optado por escrever seu poema em forma de soneto?

 

 

QUESTÃO 6

Como sabemos, o título e o subtítulo funcionam como guias de leitura, antecipando para o leitor o conteúdo do texto. Reflita e busque hipóteses que expliquem o motivo de Mário Quintana ter escolhido as seguintes palavras para título e subtítulo de seu poema: “Um soneto para Marília” “À maneira de Dirceu”.

 

ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA

QUESTÃO 7

Podemos criar advérbios com o acréscimo do sufixo “mente” ao adjetivo no gênero feminino. No Texto Complementar, observamos exemplos desse processo, como os vocábulos “inteiramente” (inteira + mente) e “sorrateiramente” (sorrateira + mente).

Com base nisso, responda às seguintes questões:

 

a)        Qual é o nome desse processo de formação de palavras?

 

b)        Que sentidos essas formas lexicais acrescentam ao texto, considerando-o em sua totalidade?

 

 

Texto gerador II

O Texto Gerador 2 também é parte integrante da obra Marília de Dirceu, de Tomás Antonio Gonzaga. Nesta lira, a autodescrição do eu-lírico está diretamente ligada às convenções da estética árcade.

 

Marília de Dirceu

 

Lira 1

 

Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,

Que viva de guardar alheio gado;

De tosco trato, d’ expressões grosseiro,

Dos frios gelos, e dos sóis queimado.

Tenho próprio casal, e nele assisto;

Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;

Das brancas ovelhinhas tiro o leite,

E mais as finas lãs, de que me visto.

Graças, Marília bela,

Graças à minha Estrela!

Eu vi o meu semblante numa fonte,

Dos anos inda não está cortado:

Os pastores, que habitam este monte,

Com tal destreza toco a sanfoninha,

Que inveja até me tem o próprio Alceste:

Ao som dela concerto a voz celeste;

Nem canto letra, que não seja minha,

Graças, Marília bela,

Graças à minha Estrela!

[...]

 

ATIVIDADE DE LEITURA

QUESTÃO 8

Leia o texto abaixo e responda à questão a seguir:

Pode-se considerar Tomás Antônio Gonzaga [...] por certo o mais pessoal, no sentido de que a sua obra lírica é integralmente construída como longa meditação em torno da sua personalidade, ou antes, da personalidade construída de um poeta que toma por pretexto o amor, a fim de obter urna visão serena de vida.
 
(CANDIDO, Antonio e CASTELO, José Aderaldo. Presença da literatura brasileira – Das origens ao Realismo. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1997. p. 120)

 

 

Para conquistar a sua amada Marília, o eu-lírico, representado pela figura de um pastor, destaca as suas virtudes ao se comparar a um vaqueiro. Considerando a leitura da citação em destaque e do trecho selecionado da Lira I, explique de que modo essa autodescrição se relaciona ao ideal de vida árcade.

 

 

ATIVIDADE DE USO DA LÍNGUA

QUESTÃO 10

Um dos processos mais comuns de formação de palavras é a derivação, que consiste na criação de uma palavra a partir de outra, por meio do acréscimo ou supressão de elementos. A derivação também pode consistir na mudança de classe gramatical de uma determinada palavra, sem que a sua forma original seja alterada.

 

Observe o verso a seguir e responda:

 “De tosco trato, d’ expressões grosseiro

 

Os vocábulos destacados são formados, respectivamente, por derivação:

a)      regressiva e sufixal

b)      imprópria e prefixal

c)      parassintética e sufixal

d)      regressiva e prefixal

e)      imprópria e sufixal

 

ATIVIDADE DE PRODUÇÃO TEXTUAL

QUESTÃO 11

Para sistematizar e aprofundar os seus conhecimentos sobre o Arcadismo, produza um texto informativo sobre o contexto cultural desse estilo e sobre a sua influência nas manifestações literárias.

Leia as dicas a seguir, pois elas podem lhe servir de auxílio:

·         Consulte livros, sites e revistas que abordem o tema, avaliando se as informações apresentadas são pertinentes ao assunto.

·         Lembre-se de que os dados obtidos nas fontes consultadas não devem ser copiados.

·         Caso pretenda inserir citações em seu texto, forneça sempre a fonte em que foram obtidas.

·         Como o texto deve ser imparcial, juízos de valor e opiniões pessoais não devem ser manifestados.

·         Procure ser claro e objetivo, optando pelo uso de frases curtas e em ordem direta.

·         Por fim, não se esqueça de reler o seu texto, alterando o que achar necessário.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

3o. Bimestre 2012 A Poesia no Arcadismo http://projetoseeduc.cecierj.edu.br

Para “entrarmos no clima” deste 3o. bimestre de 2012, temos, a seguir, duas dicas:
A primeira sugestão é um vídeo da israelense Ilana Yahav, O sonho de um homem. Por meio da técnica sandart (arte na areia), a narrativa criada pela artista se relaciona com a característica fugere urbem do Arcadismo, uma vez que o personagem sonha fugir da metrópole para sentir de perto a natureza.


A segunda dica é o videoclipe da música Vilarejo, da cantora Marisa monte. Neste vídeo, são exploradas imagens de grandes cidades, reforçando o ideal do fugere urbem do Arcadismo. A letra da canção reforça a ideia de que a Natureza, o locus amenus, expressa o verdadeiro equilíbrio.
 


A poesia no Arcadismo, movimento que compreende a produção literária brasileira da segunda metade do século XVIII.

Neste estilo da época, em reação ao exagero e ao rebuscamento ( = requinte) do Barroco, os poetas árcades retomam o estilo de autores clássicos, como Homero,Virgílio e Ovídio. Devido a essa forte influência clássica, certos temas tornam-se frequentes nas obras do Arcadismo,tais como:

- o carpe diem, “aproveita o dia”, porque a vida é breve e o futuro incerto;

- o aureas mediocritas, a valorização da vida mais simples e do equilíbrio;

- o fugere urbem, a “fuga da cidade” para o campo;

- e o locus amoenus, que representa um lugar mais calmo e aprazível.

Para alcançar objetivo desta sequência didática, os alunos devem, primeiramente, analisar as imagens campestres e o vídeo de Ilana Yahav, a partir dos seguintes questionamentos:
 
a) A que espaço as obras se referem?

b) Quais elementos as compõem?

c) Que sensações ou sentimentos elas provocam no aluno/observador?

O olhar do aluno sobre as imagens e o vídeo ajudará a sistematizar, as principais ideias que marcam o Arcadismo.


Dentre as diversas pinturas deste período, destacam-se:
 
Italien Flusslandschaft (Paisagem do rio italiano), de Jacob Philipp Hackert (1786)

 
 
 
A summer pastoral 1749, François boucher
 
 
Temas clássicos resgatados pelos autores do período


a) reverência a paisagens bucólicas, de celebração da vida campestre;

b) valorização da natureza, de um lugar ameno, aprazível (locus amoenus);

c) eliminação das inutilidades (inutilia truncat);


d) louvor à vida equilibrada, espontânea, pobre, em contato com a natureza (aurea mediocritas);



e) desejo de aproveitar o dia, vivendo o momento presente com grande intensidade (carpe diem);



f ) fuga da cidade, para poder relaxar no campo, em ambientes bucólicos (fugere urbem).


 


Principais características da estética árcade
 


- Pastoralismo;

- Tom confessional;

- Influência da filosofia francesa;

- Mitologia pagã como elemento estético;

- Bucolismo: busca pelos valores da natureza;

- Exaltação da pureza, da ingenuidade e da beleza;

- Estado de espírito de espontaneidade dos sentimentos;

- Tendências nativistas, relacionadas ao mito do bom selvagem;- Inspiração nos modelos clássicos greco-latinos e renascentistas;

- Menção à natureza e à busca pela vida simples, bucólica e pastoril.




 

sábado, 23 de junho de 2012

USO DA PONTUAÇÃO: A HERANÇA

Um homem rico agonizava em seu leito de morte. Pressentindo que o fim estava próximo, pediu papel e caneta e escreveu:
Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.
Mas morreu antes de fazer a pontuação. Para quem o falecido deixou a sua fortuna? Eram quatro concorrentes:

1. O sobrinho fez a seguinte pontuação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

2. A irmã chegou em seguida e pontuou assim:
Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

3. O padeiro pediu cópia do original e puxou a brasa pra sardinha dele:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

4. Aí chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.

Moral da história: 
"A vida pode ser interpretada e vivida de diversas maneiras. Nós é que fazemos a pontuação. E isso faz toda a diferença."

Sinônimos e Antônimos


Semântica é a parte da linguística que estuda o significado das palavras, a parte significativa do discurso. Cada palavra tem seu significado específico, porém podemos estabelecer relações entre os significados das palavras, assemelhando-as umas às outras ou diferenciando-as segundo seus significados.
SINONÍMIA: Sinonímia é a divisão na Semântica que estuda as palavras sinônimas, ou aquelas que possuem significado ou sentido semelhante.
Algumas palavras mantêm relação de significado entre si e representam praticamente a mesma ideia. Estas palavras são chamadas de sinônimos.
Ex: certo, correto, verdadeiro, exato.
Sendo assim, SINÔNIMOS são palavras que possuem significados semelhantes.
A contribuição greco-latina é responsável pela existência de numerosos pares de sinônimos:
  • adversário e antagonista;
  • translúcido e diáfano;
  • semicírculo e hemiciclo;
  • contraveneno e antídoto;
  • moral e ética;
  • colóquio e diálogo;
  • transformação e metamorfose;
  • oposição e antítese.
ANTONÍMIA: É a relação entre palavras de significado oposto
Outras palavras, ainda, possuem significados completamente divergentes, de forma que um se opõe ao outro, ou nega-lhe o significado. Estas palavras são chamadas de antônimos.
Ex: direita / esquerda, preto / branco, alto / baixo, gordo / magro.
Desta forma, ANTÔNIMOS são palavras que opõem-se no seu significado.
Observação: A antonímia pode originar-se de um prefixo de sentido oposto ou negativo:
  • bendizer e maldizer;
  • simpático e antipático;
  • progredir e regredir;
  • concórdia e discórdia;
  • ativo e inativo;
  • esperar e desesperar;
  • comunista e anti­comunista;
  • simétrico e assimétrico.

Cultismo e Conceptismo no Barroco

Durante o Renascimento o homem cresceu bastante, adquiriu autoconfiança, se tornou senhor da terra, mares, ciência e arte; libertou-se aos poucos da fé medieval. 
Essa libertação foi marcada principalmente pela Reforma Protestante que atingiu diretamente a igreja. 
A Companhia de Jesus foi fundada para combater o Protestantismo. 
Durante esse momento de dualismo e contradição surgiu o Barroco que expressava artisticamente todo o período. 
O espírito contraditório da época que se dividiu entre as influências do Renascimento e da religiosidade foi registrado pela arte barroca. 

Contexto histórico 

O Barroco corresponde à segunda etapa da Era Clássica, iniciou-se no fim do século XVI, teve seu ápice no século XVII, e se prolongou até o início do século XVIII. O movimento surgiu como uma forma de reagir às tendências humanistas, tentando reencontrar a tradição cristã. 
Vivia-se a revolução comercial, a política econômica era o mercantilismo. A burguesia detinha o poder econômico. O Estado absolutista se consolidava, esse sistema era voltado para atender às necessidades da burguesia. 
O século XVII foi marcado pelos reflexos das crises religiosas, essas ocorreram no século anterior, dentre as quais se destacam a Reforma Protestante e a Contra-Reforma. 

Características da nova estética: 

- Culto do contraste: o Barroco procurava aproximar os opostos como carne/espírito, pecado/perdão, céu/terra etc. 
- Conflito entre o “eu” e o “mundo”: o artista encontra-se dividido entre a fé e a razão. 
- Pessimismo: o pessimismo marca muitos textos e manifestações artísticas do Barroco. 
- Fusionismo: fusão das visões medieval e renascentista. 
- Feísmo: a miséria da condição humana é explorada. 

A linguagem barroca: 

- Emprego constante de figuras de linguagem; 
- Uso de uma linguagem requintada; 
- Exploração de temas religiosos; 
-Consciência de que a vida é passageira: ao mesmo tempo em que o homem ao pensar na efemeridade da vida busca a salvação espiritual ele tem desejo de gozar dessa antes que acabe; 
- Cultismo: exploração dos efeitos sensoriais. 
- Jogo de idéias: formado por sutilezas do raciocínio e do pensamento lógico. 

Na estética barroca, observam-se duas tendências: o cultismo e o conceptismo. 

- O cultismo se refere à exploração de elementos sensoriais, baseadas em figuras de linguagem. 
- O conceptismo se caracteriza pelo uso de conceitos, linguagem marcada pelo jogo de idéias e pelo raciocínio lógico. 
O cultismo predomina na poesia e o conceptismo na prosa. 

Exemplo de poesia barroca: 

Buscando a Cristo 

A vós correndo vou, braços sagrados, 
Nessa cruz sacrossanta descobertos 
Que, para receber-me, estais abertos, 
E, por não castigar-me, estais cravados. 
A vós, divinos olhos, eclipsados 
De tanto sangue e lágrimas abertos, 
Pois, para perdoar-me, estais despertos, 
E, por não condenar-me, estais fechados. 

A vós, pregados pés, por não deixar-me, 
A vós, sangue vertido, para ungir-me, 
A vós, cabeça baixa, p'ra chamar-me 

A vós, lado patente, quero unir-me, 
A vós, cravos preciosos, quero atar-me, 
Para ficar unido, atado e firme.
(Gregório de Matos. In: Antônio Candido e J. A. Castelo. Presença da literatura brasileira – Das origens ao Romantismo. São Paulo: Difel, 1968. p. 73.)
Os versos demonstram devoção a Cristo crucificado.
Por Sabrina Vilarinho